Uma das grandes questões que se instaurou desde o início da pandemia quando falamos de Equipamentos de Proteção Respiratória do tipo Peça Semifacial Filtrante recai sobre sua classificação. Até em 2020 só ouvíamos os meios de comunicação mencionarem como “máscaras N95”. Contudo, no decorrer do tempo e com a indicação de uso de respiradores cada vez mais presente, venho notando uma mudança significativa e já ouço muito mais repórteres e influenciadores digitais mencionarem corretamente como “máscaras PFF2” ao inserir das “N95”.
Creio que mudanças como essas ocorre graças às consultas direcionadas para grupos e pessoas especializadas em Proteção Respiratória, como por exemplo, como consultas direcionadas à Comissão de Estudo de Equipamentos de Proteção Respiratória.
Mas ainda resta a dúvida para muitas pessoas, qual a diferença entre os respiradores PFF2 ou N95? Tecnicamente nenhuma! A não ser a origem da classificação: PFF2 é uma classificação definida por uma norma do Brasil (ABNT / NBR 13.698: 2011) e N95 é uma classificação definida por uma norma dos EUA (NIOSH 42 CFR Parte 84). Contudo, são tecnicamente bastante equivalentes. Como a aprovação de EPI’s no Brasil deve seguir, quando existam, as normas locais (e ela para respiradores como constam logo acima), não é possível a emissão de Certificado de Aprovação (CA) da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia para classificações que fujam de nossa norma, como por exemplo, N95. No Brasil só existe aprovação para as classificações PFF1, PFF2 ou PFF3.
Vamos à origem da confusão e depois uma breve explicação da equivalência entre ambas classificações. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças ou, no idioma original, Centers for Disease Control and Prevention) famoso órgão público dos EUA, recomenda, já há muitos anos, a utilização de respiradores N95 como proteção mínima para os trabalhadores da área de saúde em ambientes com doenças de transmissão por via respiratória pelos aerossóis contaminados com o patógeno, como por exemplo, a tuberculose. No Brasil, os estudos mais robustos sobre a infecção e a transmissão de doenças respiratórias foram iniciados com base nos estudos norte americanos do CDC, e sem a preocupação de estabelecer a correlação das diferentes classificações de respiradores existentes entre os dois países, ficou padronizado no meio médico hospitalar a nomenclatura N95 como proteção mínima para este tipo de atividade.
A ANVISA, publicou em 2009, a 1ª Edição da “Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores da Saúde” *, onde já esclarece essa questão das classificações de respiradores no Item 18:
“18. Qual PFF é equivalente à N95?
A máscara conhecida como N95 refere-se a uma classificação de filtro para aerossóis adotada nos EUA e equivale, no Brasil, à PFF2 ou ao EPR do tipo peça semifacial com filtro P2 (Figura 11), pois ambos apresentam o mesmo nível de proteção. A PFF2 é usada também para proteção contra outros materiais particulados, como poeiras, névoas e fumos, encontrados nos ambientes de trabalho das áreas agrícola e industrial.”